Há tempos, ainda antes da pandemia, estava eu certa vez a preparar o mais novo para o deixar na sala dele quando uma vozinha pequenina se ergueu ao meu lado dizendo para o seu pai “Ele é mau!”, referindo-se ao meu caçula. Eu fiz um compasso de espera e, ao constatar o silêncio do pai que o acompanhava, resolvi intervir e dizer aquilo que diria se ouvisse um filho meu dizer isto de outro colega. Que nem todas as crianças são iguais e às vezes não se portam bem porque não conseguem falar ou explicar o que sentem, mas isso não quer dizer que sejam más. O pai ouviu e nada disse. Eu saí e continuei o meu caminho. O nosso caminho. Que tem dias bons e dias maus. E ultimamente têm sido muitos os dias maus. Não é apenas o cansaço físico das muitas noites em que ele pouco dorme e que acumulam com o trabalho, das birras, da constante agitação e barulho que permanentemente existe aqui em casa, mas também este aperto que vive cá dentro, o pensar que isto se calhar vai sempre assim, a ter de explicar que existem diferentes maneiras de viver e olhar para o mundo e que seremos para sempre uns “estranhos” a essa pseudo-normalidade. Talvez por isso às vezes dou por mim com os olhos baços quando saímos da consulta com a psicóloga que o acompanha. Ali, independentemente de tudo o resto, é um espaço dedicado à nossa “normalidade” e sentir essa empatia enche um pouco este buraquinho que mora aqui dentro.
sexta-feira, 23 de outubro de 2020
quinta-feira, 10 de setembro de 2020
Depois da tempestade…
…Não sei se vem a bonança, ou se estou dentro daquela zona de calma no olho do furação, bem antes de voltar a ser trucidada pelos ventos de um de categoria 5.
Na realidade, isto tem sido tão difícil que já nem quero
saber. Quero apenas aproveitar para respirar um tudo-nada de ar puro, sem
máscara, nem outras preocupações porque winter is coming e a para quem
tem putos pequenos isso é sinónimo de uma série de viroses que, este ano, devem
dar origem a umas temporadas em casa, coisa que até me faz palpitações só de
pensar.
Mas enquanto os putos andam elétricos nas suas atividades (e
a gastar energias, muitas energias, para depois chegarem felizes, contentes e
sobretudo cansados), tenho aproveitado para recuperar alguma sanidade mental,
tanto quanto uma p*** de uma tendinite me deixa, e parece que o universo
resolveu recompensar-me de uma quarentena de loucos com duas propostas de
trabalho, completamente em contraciclo. Portanto se dúvidas havia que esta
minha vida é uma comédia em 3 atos, fica aqui isto registado (uma delas não era
interessante nem bem paga, mas a outra já andava a namorá-la há dois anos). E
pronto. Estou feliz. Em pulgas, levemente stressada, com medo de meter as patas
na poça, mas feliz. Mas também se há coisa que a idade me trouxe foi
discernimento para lavar as patas depois de as sujar… a única diferença é que é
agora com álcool-gel.
Aproveitemos, pois, a calmaria…
terça-feira, 19 de maio de 2020
Farta
terça-feira, 31 de março de 2020
Vai ficar tudo bem, o c******!
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020
Chamem-me antiquada...
Chama-se coerência.
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020
Mon dieu de la france, donne moi la pacience
a) ou viramos costas, vestimos o fato da invisibilidade e ficando imunes às consequências.
b) ou partimos para a peixeirada
(...)
Não me orgulho, que não é este exemplo que quero dar à minha prole, mas pela primeira vez optei pela opção b.
(em minha defesa: 1) fui provocada e optei por não me calar. 2) Não, não foi bonito, mas no fim até acho que fiz serviço público. 3) estava sozinha)
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020
A minha janela
terça-feira, 4 de fevereiro de 2020
Figuras tristes
E demorar uns longos segundos até reparar que está mentalmente a descompor o objecto errado.
Senil... estou a ficar senil...