Enquanto a pobreza faz parte do teu quotidiano apenas por aquilo que vês nos órgãos de comunicação social, a coisa vai andando. Fala-se nela, mas não se sente. Não mais do que antes, pelo menos. A coisa torna-se mais complicada quando nos entra pela caixa de e-mail a dentro e reconhecemos o remetente. O mesmo remetente que até não há muito tempo atrás tinha uma vida igual à tua, mas que o desemprego e os salários em atraso rapidamente atiraram para esta coisa chamada pobreza. Não pede dinheiro, não pede palmadinhas nas costas, nem tão pouco pratica a pieguice, apenas e somente pede roupa para os filhos. Apenas isso. Na primeira pessoa. Sem rodeios ou auto-comiseração. Hoje, esta coisa chamada pobreza entrou pela minha vida a dentro.
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Complicado, muito complicado. E o pior é que se não vislumbra um qualquer horizonte temporal para o seu fim :(
ResponderEliminarVerdade, Francisco.
ResponderEliminarE isso ainda assusta mais. Não gosto de olhar para o futuro com sombras a pairar, mas temo que os próximos tempos (anos) sejam mais dificeis do que se pensa.
Pessoalmente, não tenho ilusões. A procissão ainda vai no adro. O fundo do poço ainda está distante. A complexidade de tudo isto é tremenda, acredita. Bj.
ResponderEliminarSe dúvidas houvesse, o e-mail de hoje dissipou as minhas por completo. Já não se trata de pesssoas com baixas qualificações ou que quiseram viver acima das expectativas, nada disso. É a tipica classe média, em que um conjunto de circunstâncias (doença, desemprego e salários em atraso) as colocou numa situação de pobreza, coisa impensável há meia duzia de anos atrás.
ResponderEliminarEu sei que vamos conseguir dar volta a isto (o meu lado optimista leva, ainda assim, a melhor), mas caramba, a rapidez com se está a delapidar uma classe média assusta-me.
Aquilo a que chamas classe média, é uma classe que estava muito mais perto da classe baixa do que da alta. Não era, nem de perto nem de longe, média. Média no sentido de estar na metade entre a alta e a baixa.
ResponderEliminarNum ápice foi encostada à baixa.
Quanto a dar-se a volta, torno a afirmar que a complexidade de tudo isto é tremenda. Tal como dizia alguem numa canção, "isto anda tudo ligado". E portanto não é fácil, nem minimamente célere, dar-se a volta a isto. Acho que a nossa maior arma contra o estado actual (e futuro) das coisas, é mesmo a nossa conscencialização daquilo que estamos viver, numa lógica de nos permitir defender-nos da melhor forma possível. Bj.