Durante anos saí
diariamente na Cidade Universitária. Muitas vezes ensonada, outras apenas
cansada, mas quase sempre expectante em relação ao dia que ia ter. E
invariavelmente, à semelhança dos outros milhares que por ali passam diariamente,
era confrontada com a célebre frase de Sócrates “não sou grego nem ateniense
mas sim um cidadão do mundo”. Tantas vezes dei por mim a pensar em ganhar
mundo, em conhecer melhor o que estava para lá do aparente, do quotidiano, das
minhas fronteiras. Eu, que sempre tive tantos limites para ultrapassar, via
naquela frase uma espécie de libertação, que me fazia sorrir.
Agora já não passo
pela Cidade Universitária. Em vez disso, nesta ruralidade que me envolve, olho
para o calendário e reparo que estás cada vez mais perto de iniciar uma nova
etapa. Cá dentro mora um sentimento de ambiguidade. Se por um lado me sinto
feliz por te ver a crescer, e a data que se aproxima no calendário é apenas
mais uma constatação disso, por outro lado tomo consciência que és cada vez
mais do mundo e menos “nosso”. Até aqui acompanhei todas as tuas conquistas, vi-te
cair muitas vezes, deixei-te cair em algumas e evitei outras tantas, mas em todas estive presente. Agora
tenho de aprender a que é altura de saíres debaixo das minhas saias, ganhares o
teu espaço, fazeres as tuas descobertas, ansiar pelas histórias que irás trazer
no fim do dia. É altura de começares a ganhar mundo (e se o mundo tem tanto
para oferecer!). Porque afinal, embora sejas sempre uma parte de mim, és também
cada vez mais dos outros, do que te rodeia e sobretudo és cada vez mais tu próprio.
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