Ouvir uma “jovem” de 81 anos a falar das suas memórias e
contar-me histórias sobre os teares de família os quais ainda hoje utiliza para fazer
peças de tecelagem e que já vinham dos seus bisavós.
Encontrar pessoas que já tinha inquirido há mais de um ano
e perceber que não só continuo nas suas memórias mas também sou alvo da sua
simpatia e amizade.
Perceber que isto do património imaterial é algo que toca
muito mais fundo às pessoas que ainda detêm estes saberes e que extravasa
em muito tudo aquilo que fica documentado. E com isto perceber que tudo o que
possa vir a concluir nesta malfada tese, ficará sempre muito aquém porque é-me
impossível verter para o papel todos os sentimentos e memórias que emolduram a
herança viva que estas pessoas transportam.
Sentir-me pequenina face à riqueza cultural que estes
artesãos possuem, em particular dos mais idosos, e à sua dedicação em manter
vivas tradições ancestrais, muitos deles em condições financeiras e de saúde
extremamente difíceis.
Não sei se vou conseguir acabar a tese a tempo, mas mesmo que
não o consiga, de uma coisa tenho eu a certeza: não me arrependo de ter
escolhido este caminho. A riqueza destas gentes é incalculável e eu adorei poder
conhecê-las um pouco mais e de viva voz. Tudo o que escreva sobre isto será
sempre pouco, insipiente e incompleto. E eu, bicho-do-mato e normalmente pouco
à vontade nestas coisas de interpelar os outros, transfigurei-me por completo
com estas gentes, tal foi a empatia que senti. Não tem preço. Nem palavras.
segunda-feira, 20 de julho de 2015
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