Ando num limbo de sentimentos. Uma parte de mim está adormecida,
calada, quieta. Outra parte em ebulição, desassossegada, desconfortável. Consigo
obter alguma serenidade em pequenos momentos que me concedo enquanto fumo um
cigarro e deixo o pensamento vaguear. Há pouco, cansada de mais um dia em que
pouco acrescentei à vida, derrotada perante mais uma lista de gastos, enquanto
fumava o meu cigarro, comecei a ouvir o cântico “Ave Maria”, que começando de
mansinho, foi ganhando alento e sonoridade até preencher todo o silêncio da
noite. E eu, que nunca encontrei na religião ou na espiritualidade conforto, senti
uma grande serenidade interior enquanto ouvia as vozes femininas a cantá-lo. O
cigarro acabou e eu continuei ali, no meio do escuro do pátio, balançando na
cama de rede enquanto ia ouvindo o coro de vozes. Assim como começou, acabou e
eu voltei para dentro de casa. Continua tudo na mesma. Tese por terminar,
contas para pagar, futuro sem sorrir. Apenas eu fiquei um pouco mais serena. Talvez
deva dar Graças a Maria por isso.
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
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