quarta-feira, 21 de março de 2012

(Post lamechas e sem qualquer interesse para quem quer que seja para além da minha pessoa)

Ser mãe não é apenas aconchegar-te os lençóis antes de me ir deitar. É inventar mil e uma histórias para conseguir que comas 2 colheres de sopa. Ser mãe é passar a noite a levantar-me para te embalar porque não consegues dormir. É deixar-te cair todas e quantas vezes precisares até que consigas andar sozinho. Ser mãe é fazer-te cócegas na planta dos pés enquanto ris à gargalhada, é fingir que te persigo enquanto gatinhas a uma velocidade louca por entre os móveis. Ser mãe é contar até 10, vezes sem conta, quando resolves espalhar comida por todo o lado e apelar a toda a minha paciência (bem finita por sinal) para contrariar as tuas birras. Ser mãe é aninhar-te a mim enquanto te adormeço ao som das poucas cantilenas que conheço. É ver os teus olhos a mergulharem num sono calmo enquanto agarras a minha mão. Ser mãe é sentir-me impotente para te tirar a dor que sentes nas quedas que dás, reais ou figuradas, presentes e futuras. Ser mãe tem sido um desafio às minhas capacidades de lidar com o que definitivamente não controlo, um papel para o qual não existe preparação. Não há manuais, nem receitas mágicas e o instinto maternal é um conceito que tem tanto de abstrato como de subjectivo, onde cabem todas as inseguranças do mundo. Ser mãe é algo que não se aprende, não se pratica. Na maior parte do tempo navego à vista, por entre muitas dúvidas e poucas certezas. Sei apenas que te dou o melhor de mim, mais do que pensava alguma vez poder dar e fico a pensar que isto do amor maternal não é outra coisa senão dar o melhor de nós mesmos, todos os dias.

9 comentários:

  1. A nossa impotência perante a dor deles tira-me genuinamente do sério.

    Muito bom. Gostei. :)

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  2. Para "post lamechas e sem qualquer interesse para quem quer que seja para além da minha pessoa" até que a coisa está a correr bem, han?

    :)))))

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  3. Trollofthenorth, é um exercício de auto-controlo não correr logo para eles mal caem ao chão.
    (obrigada)

    Francisco, pois estou a ver que sim. Pelos vistos ainda há espaço na blogosfera para posts lamechas.

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  4. A blogoesfera está pejada de gente lamechas ;) só que muitos armam-se em duros :)

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  5. Mas acho que cada vez há menos paciência para gente lamechas. Eu tenho os meus momentos lamechas e às vezes nem para mim tenho paciência. A blogosfera que vale a pena ler não é lamechas (tem por vezes uns breves apontamentos) e a que é, essa cansa-me mais do que me diverte (pseudo-duros incluidos)

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  6. Nem lamechas nem sem interesse!
    "É inventar mil e uma histórias para conseguir que comas 2 colheres de sopa"... e continuo eu, "e desenrascares qualquer coisa no dia seguinte, quando te pede que as repitas e tu não fazes ideia do que inventaste na véspera!;)

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  7. Alexandra, “desenrascares qualquer coisa para o dia seguinte” é já muito à frente em termos de organização doméstica. É ver-me comprar sopa de take away para nós a rodos, que já me basta ter de fazer a sopa para o puto.

    (ainda não pede, mas lá chegará...e nessa altura irei lembrar-me disto)

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