Chove copiosamente. Páro o carro e corro o fecho do kispo.
Limpo a janela embaciada e espreito. Lá fora tenho o meu sogro já de chapéu-de-chuva
aberto em punho. Suspiro aliviada. Afinal já não tenho de tirar o puto à chuva,
pensei. Saio apressada para abrir a porta e a meio da tarefa herculiana que é a
de tirar um matulão de 12 kg adormecido, desprende-lo dos cintos e aconchega-lo
a mim com uma manta, eis que reparo numa incómoda frialdade que se vai
instalando em mim, começando nas costas e acabando nos sapatos. O cabelo começa
a escorrer água e qualquer semelhança entre mim e um pinto ensopado já não é
coincidência. Nesse momento percebi que o meu sogro e eu tínhamos ideias
completamente contrárias quanto à utilização daquele chapéu-de-chuva. Eu
pensava que seria para nos abrigar a todos. Ele nem por isso. Aliás eu nem sei
o que estaria ele a pensar. Ou se pensou de todo. Ou se pensou que eu iria
pensar por ele. E pensando agora melhor, mais vale não pensar mais nada. A bem
da harmonia familiar. Penso eu…
quinta-feira, 3 de maio de 2012
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