segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
Guardo os sonhos em caixas de papel
Às vezes volto a estas caixas, finamente escolhidas. Coloridas,
pacientemente feitas em tempos de menor turbulência. Tiro-os um a um.
Espalho-os em cima da mesa. Confiro se aparecem as primeiras marcas do tempo. Desdobro-lhes
os cantos enrugados, sacudo o pó e devolvo-lhes as cores. Alguns, poucos, não
voltam às caixas. Tal como nas gavetas, às vezes é preciso deixar espaço vazio
para ocupar, num equilíbrio que se quer são. É por isso que os guardo em caixas
de papel. Nem saberia onde os colocar senão aqui, onde o tempo vai erodindo os
cantos. Para que eu não me esqueça, de vez em quando, de os resgatar à memória.
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