terça-feira, 21 de abril de 2015
Out of the blue
Recebo um pedido de conexão no LinkedIn de alguém
aqui dos blogues. Não faço a menor ideia por que razão esta pessoa me quer
adicionar, tanto mais que não temos conexões em comum, nem nos movemos nas
mesmas áreas profissionais. O mundo é uma ervilha. Dou por mim a matutar que na
realidade somos apenas meia dúzia e por isso acabamos a esbarrar nas mesmas
coisas, nas mesmas pessoas, nos mesmos sítios. E não deixo de pensar que sei
mais sobre esta pessoa do que ela sabe sobre mim, o que não deixa de ser
curioso numa altura em que a protecção de identidade é um dos temas quentes
aqui no recreio a que chamamos blogosfera. E é por isso que, apesar de ir escrevendo
o que me dá na real gana, não deixo de colocar sempre um filtro no aqui fica
escrito.
sexta-feira, 17 de abril de 2015
Azimute Sul
E de repente, dás-te conta que há imenso tempo que não
vais à capital. Meses. Mais de seis, pelo menos. E sentes uma grande leveza por
isso. De tal forma que dás por ti a pensar que provavelmente já nem sabes
conduzir no meio de tanta confusão. Longe vão os dias em que diariamente perdia
tempos infinitos, parada no trânsito ou à espera de transporte e aproveitava
para contemplar as últimas tendências (ou não) da moda com quem comigo se
cruzava. Conhecia os atalhos que me eram úteis, os lugares que a Emel ainda não
tinha taxado e até um ou outro arrumador de serviço. Sentia que conhecia o
burburinho da cidade, aquela cadência de barulho. Lembro-me de perceber uma
certa agitação no ar em dias mais mediáticos e isso fazia-me sentir parte da
mol urbana. A minha vida agora é outra. Centra-se aqui, onde estou, longe da
confusão, num ambiente que eu apelidei de ruralidade. Por opção, foi aqui que
escolhi ficar. Aqui onde ainda há ovelhas a pastar, que me acordam de manhã com
o seu balir, onde os senhores usam boina e as senhoras vão às compras de bibe. Aqui
acostumei-me a deixar de ser a Anna para passar a ser a mãe do meu filho.
Poucos sabem como me chamo, mas perguntam-me sempre pelo menino. Eu, que sempre
quis ser anónima, sou por demais conhecida neste meio pequeno, e isso traduz-se
num certo sentimento de pertença ao qual eu me julgava imune. Hoje fui
desafiada para voltar à cidade por uma noite. Tertúlia no feminino. Não há como
recusar. E é neste ponto que me apercebo que há tanto tempo que não rumo à
cidade que desconfio que vou ter de usar o GPS. A Catarina que me indique o
caminho que eu já perdi os meus mapas mentais. Ou apenas os tenha transformado
noutros, mais distorcidos, esfumados pelo tempo. Sabe bem regressar e respirar
outros ambientes. Sair da toca, ver outras cores, outros mundos. Mas sabe-me
ainda melhor perceber que me sinto bem aqui. Somos criaturas de hábitos,
sobretudo aqueles que nos ficam bem na pele.
quarta-feira, 8 de abril de 2015
A nobre arte da paciência #2
Preciso de ir novamente imprimir uma página à
papelaria da aqui da ruralidade. Desta vez vou levar o ficheiro em pdf. Aceitam-se
apostas para o tempo que vou demorar.
Por vias das dúvidas já coloquei a página a p/b.
Por vias das dúvidas já coloquei a página a p/b.
terça-feira, 7 de abril de 2015
Deste cansaço que não tem fim…
Nesta longa cadeia de acontecimentos que parece não ter fim,
dou por mim sem saber para que lado ir, que opções tomar, com pouca convicção que
o que quer que almeje, sonhe ou empreenda venha a correr bem. Nem sei bem
quando é que deixei de acreditar que as coisas podem dar certo. Sou de colocar
as raízes no chão e deixar voar as folhas e as sementes ao sabor do vento, mas à
medida que as tempestades passam por mim a uma cadência mais rápida que a minha
capacidade de regeneração, dou por mim a baloiçar cada vez mais, com cada vez
menos certezas se as opções a tomar são certas ou se ainda me trarão mais
amargos de boca. Sinto-me cansada, gostava que o mundo, as preocupações e todas
as restantes urgências parassem por um tempo. Apenas o tempo suficiente para
poder voltar a assentar as minhas raízes, descansar as pernas e voltar a
desenhar sonhos. Mais triste do que não ter sonhos é sentir que estamos a perder
a vontade de os criar sequer. Talvez mais tarde eu olhe para trás e veja que
esta foi apenas uma fase muito má. Talvez volte a sonhar e a apreciar o tempo a
passar devagar. Mas agora, e cada vez mais, o que me domina é este cansaço,
este peso nos ombros, esta falta de vontade de sorrir e de olhar para o futuro
de forma despreocupada e simples. Preciso novamente de tomar opções, de decidir
rumos de vida e, se até aqui fui conseguindo levar a coisa com optimismo, neste
momento não faço a mínima ideia de qual será o melhor rumo. A não ser que tenho
forçosamente de tomar um. E rápido. E sinto as pernas tão cansadas…
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