terça-feira, 22 de dezembro de 2015
Ao ano que fica para trás
Não gostei particularmente de ti. Não me trouxeste o sossego
mental que preciso, nem noites calmas e tranquilas de sono. Mas deste-me muitos
momentos de introspecção, de perda e de impotência. Levaste-me muitas vezes à
beira da loucura, de sentir que estava a um pequeno passo de perder a razão e o
discernimento, momentos esses que, de tão intensos, vão ficar para sempre
gravados em mim. Mas também me fizeste perceber que, apesar de tudo, ainda
consigo manter a capacidade de rir e de me sentir feliz. Tive demonstrações
incríveis de amizade e carinho, que aconteceram sem ser planeadas e no momento
certo, reacendendo um pouco de mim que estava adormecido. Este foi o ano em que
doei a minha farta e longa cabeleira, numa promessa solitária que não partilhei
com ninguém. E senti-me um pouco menos triste depois de o fazer, apesar de em
nada me atenuar a saudade. O meu filho todos os dias me pergunta se o meu
cabelo vai voltar a crescer e eu respondo que sim, mas que vai demorar bastante
tempo. O que não lhe digo é que ele marca o ritmo da saudade, que cresce a cada
dia que passa. Este foi ano em que mais abracei. E não tendo grandes conquistas
para comemorar, então que este ano tenha valido a pena apenas por isso, pelos
abraços que dei e recebi. Faltou-me apenas um abraço. Penso nele muitas vezes. Não
são raras as ocasiões em que sinto uma grande serenidade e é nessas alturas em
que penso que talvez esteja a sentir esse abraço que me faltava. Pelo menos gosto de pensar
assim. Agora podes terminar. Não tenho mais nada para te dar, nem espero mais
nada de ti. Finda e recomeça. Eu vou fazer o mesmo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário