domingo, 31 de janeiro de 2021

Confinamento - dia 9

E que tal?

Estamos bem, obrigada. 

Uma moldura, uma mesa de apoio, 2 livros e 3 brinquedos é que não aguentaram a pressão a foram sujeitos. E nós? Bem, continuamos a dosear o vinho e a repor o stock.

Não sei muito bem como é que vamos passar à fase 2 do confinamento: teletrabalho + miúdos+ aulas por videoconferência... Neste momento ganha a ideia de um de nós pegar no mais novo e sair com ele de carro durante a videoconferência do mais velho e enquanto o outro tenta trabalhar. 

Aceitam-se sugestões. 

domingo, 24 de janeiro de 2021

Confinamento – parte II

Onde íamos mesmo?

Pensei seriamente em fazer uma espécie de diário deste novo confinamento, só para um dia mais tarde perceber exatamente em que altura é que comecei a perder a minha sanidade mental. Mas entre tomar conta de duas crianças fechadas num apartamento de 80 m2, estar em teletrabalho, preparar as formações, sopas, roupa, e toda demais rotina doméstica, achei que seria humanamente impossível e resolvi guardar o pouco tempo que sobra para dormir qualquer coisa. Se há coisa que o anterior confinamento me ensinou foi perceber o quão fácil é perder a sanidade mental. De modos que, desta vez, delineamos uma estratégia adaptada aos tempos de guerra que por aqui se vivem. Guerra à loucura. Guerra à falta de paciência. Guerra ao impossível. E por isso rendemo-nos logo à evidência que isto vai ser duro (mais duro do que o confinamento anterior, pois antes eu estava em lay off e agora estamos os dois a trabalhar), vai ser longo (vai durar decerto muito mais do que os 15 dias iniciais) e vai ser intenso (com duas crianças substancialmente mais fartas de tudo aquilo que não podem fazer há já vários meses). E que estratégia é essa, Anna, que contas para ultrapassar esta tão difícil provação? Sobreviver aos poucos. Primeiro conseguir chegar ao almoço. Depois pensar que mais umas horas e será hora de jantar e depois disso a hora de irem dormir. Chegar ao final do dia e pensar que já passou mais um dia. Guardar momentos ao longo do dia para fazer parvoíces com eles. Tanto pode ser uma batalha de cócegas ou rebolar com eles pelo chão (dá também imenso jeito para varrer o chão ao mesmo tempo), ou fazer moche na cama. Só naquela de libertar a pressão. Apostar no copo de vinho à refeição (e ir mantendo a garrafeira atestada). Fazer turnos a tomar conta deles. Ir tentado manter o trabalho minimamente em dia (aqui é mais difícil e é onde eu começo a stressar mais facilmente). E então, Anna? Está a resultar? Até mais ver sim. Dia 3 do novo confinamento, está tudo vivo e ainda não nos divorciámos. Veremos no próximo report…

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Ele é mau

Há tempos, ainda antes da pandemia, estava eu certa vez a preparar o mais novo para o deixar na sala dele quando uma vozinha pequenina se ergueu ao meu lado dizendo para o seu pai “Ele é mau!”, referindo-se ao meu caçula. Eu fiz um compasso de espera e, ao constatar o silêncio do pai que o acompanhava, resolvi intervir e dizer aquilo que diria se ouvisse um filho meu dizer isto de outro colega. Que nem todas as crianças são iguais e às vezes não se portam bem porque não conseguem falar ou explicar o que sentem, mas isso não quer dizer que sejam más. O pai ouviu e nada disse. Eu saí e continuei o meu caminho. O nosso caminho. Que tem dias bons e dias maus. E ultimamente têm sido muitos os dias maus. Não é apenas o cansaço físico das muitas noites em que ele pouco dorme e que acumulam com o trabalho, das birras, da constante agitação e barulho que permanentemente existe aqui em casa, mas também este aperto que vive cá dentro, o pensar que isto se calhar vai sempre assim, a ter de explicar que existem diferentes maneiras de viver e olhar para o mundo e que seremos para sempre uns “estranhos” a essa pseudo-normalidade. Talvez por isso às vezes dou por mim com os olhos baços quando saímos da consulta com a psicóloga que o acompanha. Ali, independentemente de tudo o resto, é um espaço dedicado à nossa “normalidade” e sentir essa empatia enche um pouco este buraquinho que mora aqui dentro.

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Depois da tempestade…

 …Não sei se vem a bonança, ou se estou dentro daquela zona de calma no olho do furação, bem antes de voltar a ser trucidada pelos ventos de um de categoria 5.

Na realidade, isto tem sido tão difícil que já nem quero saber. Quero apenas aproveitar para respirar um tudo-nada de ar puro, sem máscara, nem outras preocupações porque winter is coming e a para quem tem putos pequenos isso é sinónimo de uma série de viroses que, este ano, devem dar origem a umas temporadas em casa, coisa que até me faz palpitações só de pensar.

Mas enquanto os putos andam elétricos nas suas atividades (e a gastar energias, muitas energias, para depois chegarem felizes, contentes e sobretudo cansados), tenho aproveitado para recuperar alguma sanidade mental, tanto quanto uma p*** de uma tendinite me deixa, e parece que o universo resolveu recompensar-me de uma quarentena de loucos com duas propostas de trabalho, completamente em contraciclo. Portanto se dúvidas havia que esta minha vida é uma comédia em 3 atos, fica aqui isto registado (uma delas não era interessante nem bem paga, mas a outra já andava a namorá-la há dois anos). E pronto. Estou feliz. Em pulgas, levemente stressada, com medo de meter as patas na poça, mas feliz. Mas também se há coisa que a idade me trouxe foi discernimento para lavar as patas depois de as sujar… a única diferença é que é agora com álcool-gel.

Aproveitemos, pois, a calmaria…

terça-feira, 19 de maio de 2020

Farta


Estou farta disto tudo. Farta. Fartinha. Farta do circo. Farta de ver tudo ruir à minha frente. Farta dos reveses. Farta da falta de espaço. Farta da confusão. Farta das noites de 3 ou 4 horas. Farta de não ver fim à vista. Farta da falta de bom senso. Farta do excesso de zelo. Farta da falta de respostas. Farta. Farta. Farta. Já disse que estou farta?

terça-feira, 31 de março de 2020

Vai ficar tudo bem, o c******!

Não, não vai ficar tudo bem. Não vai ficar tudo na mesma e irrita-me a condescendência, ainda que embrulhada em pseudo-optimismo, de que vai ficar tudo bem. Não vai. Vai morrer gente. Vai haver desemprego. E miséria. Vamos ter de arregaçar (outra vez) as mangas e segurar as calças. E há quem ainda nem se tenha refeito da crise de 2008. Vai haver medo. Vai haver saudade. Vai haver menos liberdade de movimentos. O mundo está a mudar. Nós estamos a mudar e dificilmente iremos voltar à leveza anterior. Iremos sobreviver, mas não vai ficar tudo bem. Vai ficar tudo diferente e não necessariamente para melhor. Mas não é nada disto que digo ao mais velho. A ele sim, eu digo-lhe que vai ficar tudo bem. Aos outros digo apenas put@ que pariu isto tudo.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Chamem-me antiquada...

...mas eu ainda acho que o exemplo vem de cima. Não posso exigir, pedir, insinuar aquilo que não faço, demonstro ou personifico, sob pena de a minha palavra perder valor. E isto é válido em todas as áreas, desde a pessoal, profissional ou na parentalidade.
Chama-se coerência.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Mon dieu de la france, donne moi la pacience

Acho que nascemos com uma reserva de paciência que deve ser gerida ao longo da vida. Acontece que ninguém nos avisou que esta reserva é finita e, uma vez esgotada, não há lugar a reabastecimento. O problema dá-se ali por volta dos 40 anos, em que já se esgotou toda a paciência que nasceu connosco e nos damos conta que já não estamos para aturar merdas de ninguém. E se noutros tempos a malta até revirava os olhos, respirava fundo, contava até 10, a coisa acalmava e nós insistíamos em tentar resolver, talvez em busca de uma qualquer redenção, agora sem essa reserva de paciência sobram duas hipóteses:
          a) ou viramos costas, vestimos o fato da invisibilidade e ficando imunes às consequências.
          b) ou partimos para a peixeirada

(...)
Não me orgulho, que não é este  exemplo que quero dar à minha prole, mas pela primeira vez optei pela opção b.
(em minha defesa: 1) fui provocada e optei por não me calar. 2) Não, não foi bonito, mas no fim até acho que fiz serviço público. 3) estava sozinha)

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

A minha janela

Trabalho junto a uma janela, ao nível do r/c, mesmo ao lado de um estacionamento, que afunila próximo da minha janela. O passeio tem cerca de 80 cm de largura e depois há a minha janela, que até é grande por sinal. É suposto os carros estacionarem paralelos ao passeio e à minha janela. Mas depois... depois há toda uma criatividade automobilística que eleva a expressão "entrar por caminhos estreitos" a um outro nível... o nível da minha janela... Hoje foi o dia em que quase ganhei uma janela nova. Não ganhei foi para o susto...

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Figuras tristes

Marcar o número de telefone na calculadora e ficar à espera de ouvir o sinal de chamada. Não satisfeita, ao constatar que não é feita a ligação ainda ofende o telemóvel (que estava sossegadito dentro da mala lá a tratar de coisas da vida dele) por não estar a fazer o serviço que lhe compete.
E demorar uns longos segundos até reparar que está mentalmente a descompor o objecto errado.
Senil... estou a ficar senil...