sábado, 27 de março de 2010

Mistral

Lembro-me muitas vezes de ti. Percorres o tempo sem te deteres. Passas uma e outra vez por mim. Veloz. Frio. Indiferente. Tentei encerrar-te num momento. Conter-te. Definir-te. Segurar-te entre os dedos de uma mão nua. Abrigar o teu cheiro na minha memória. Procurei-te por entre marés sardas e ilhas suspensas em névoa. Lá onde o azul se engana e se esconde. Onde se precipita sobre o infinito. Até que por fim vieste. Sentaste-te ao meu lado, silencioso, e percorreste comigo o limite do horizonte. Sussurraste-me ao ouvido baixinho as cores que vestias nesse dia. Eu permaneci quieta. Atenta. Deixando que me envolvesses numa carícia muda onde cabem todas as palavras que não se proferem.























Foto daqui

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