segunda-feira, 29 de abril de 2013

C'um caneco!

Já me belisquei. Já fui beber água. Já me sentei e levantei umas 30 vezes. Já respirei fundo outras tantas. Já dei umas bofetadas na cara a mim própria só para ver se não estava a sonhar (e confirma-se que não). Já pulei e saltei. Já perdi a concentração por completo e desisti de continuar a escrever o relatório que tinha em mãos. E tudo isto no decurso dos últimos 60 minutos.
Pois, parece que consegui arranjar trabalho! Temporário mas com valores bem acima das minhas mais optimistas expectativas. C'um caneço! YES!!!!! Caramba, que ainda estou a hiperventilar.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Alice e eu

O problema das fantasias é que nunca passam para o plano real. E eu fantasio muito. Fantasiei que iria andar entusiasmada com o mestrado. Que iria adquirir bases de conhecimento em áreas que não domino, que iria ser desafiada a levar mais além os conceitos que eram abordados nas aulas, que me iriam ser mostradas novas linhas de investigação e por aí fora. Depois vejo professores com erros nas apresentações, a confundirem alhos com bugalhos e a darem o dito por não dito. E eu fico chateada. Muito chateada. Porque me sinto enganada, ainda que a fantasia tenha sido minha. E agora? Deito fora quase um ano de propinas e combustível que tanto me custou a suportar? Avanço para dissertação mas sabendo que provavelmente não irei tirar grande partido disso (e pagando mais um ano de propinas?) É certo que se trata do primeiro mestrado deste tipo em Portugal, mas talvez por isso mesmo as coisas deveriam estar mais articuladas, definidas e sobretudo conceptualizadas. E eu que até era um pouco leiga nestas matérias acabo por andar a corrigir pps.
Fico chateada, pois com certeza que fico chateada.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Dois anos

Há dois anos atrás eu não te esperava ainda e no entanto estavas nos meus planos há já tanto tempo. A vida foi abrindo espaço para ti e a pouco e pouco, mesmo sem querer “querer-te” tanto, foste ficando no nosso futuro. Depois vieram as dificuldades, a desilusão de não te conseguir concretizar durante anos. As palavras gastas dos outros, despojadas de entendimento e a eterna culpa da ansiedade, como se a vontade de te ter fosse a causa de não conseguir. Foram muitos os anos de silêncios, de ouvir muitos disparates embrulhados em boas intenções e de aprender a relativizar as coisas. Reaprender a saborear a vida sem prazos de validade, sem datas programadas, sem ver a intimidade devassada. Reaprender a viver a dois, olhando em frente em paz comigo, connosco. Olho para trás e penso que talvez tivesse sido preciso fazer essa travessia no deserto. Quando resolvemos voltar a tentar, nem eu nem o teu pai esperávamos que vingasses. Eram remotas as possibilidades, como se tudo se tivesse conjugado para que fosse improvável dar certo. Se noutras tentativas em que tudo estava perfeito tu não vingaste, porque haverias de acontecer agora quando tudo concorria contra ti? Saí do hospital sem grande esperança e enquanto fumava um cigarro pensava na sucessão de contratempos que me tinha conduzido até ali. Quando regressei ao hospital, já sabendo que te carregava no ventre, toda a gente nos veio felicitar incrédula, tão improvável que era teres conseguido acontecer. Há dois anos atrás eu pensava que ainda não seria hoje que te conheceria, mas tal como já havias demonstrado antes, tu não segues o que é suposto e gostas de fazer as coisas à tua maneira. Há dois anos atrás entraste nas nossas vidas mas há muito tempo que já fazias parte dela.