Mas depois veio a realidade. Afinal quando na entrevista
falavam em acompanhar projetos relacionados com a minha formação, na realidade
o que eles queriam dizer era fazer secretariado. Depois o horário de trabalho que
pontualmente poderia ser excedido, afinal transformou-se em maratonas de 10h e
11h seguidas, já que há reuniões também durante o almoço. E ao fim do dia. E à
noite. E deslocações a serem feitas no meu próprio carro, e embora possa ser
ressarcida em termos de combustível, não em agrada andar a palmilhar o país, sempre
que for necessário, num chaço com mais de 300.000 km. Mas até aqui eu ainda
estava disposta a continuar.
Agora que estou mais integrada, vejo que o ambiente é muito
mau. Já trabalhei com pessoas difíceis, com pessoas filhas da mãe, capazes de
tudo para subirem na hierarquia, posições horizontais incluídas, com pessoas
intragáveis no trato e até com pessoas perturbadas mentalmente. Mas é a
primeira vez que assisto a terrorismo psicológico ao vivo e de forma reiterada.
Telefonemas da chefia que duram uma hora apenas para gritar e desancar. Várias vezes ao dia. Todos os dias. E só consigo
pensar “onde é que eu me fui meter…”
Não sei o que fazer…