É sermos este ser irracional que se emociona ao ver uma foto
do caçula, imaginado (e quase que ouvindo) a gargalhada que ali ficou
cristalizada. É olhar os olhos sorridentes, a pose de gingão, tão crescido e
tão inocente, e pensar que queremos para sempre manter esta inocência e
simplicidade. É esquecer o turbilhão de coisas a voar pela casa, mal a porta de
se abre até que o sono leva a melhor; é sermos vencidos pelo abracinho, pelo
pedido de colo, no minuto a seguir a ter ocorrido a maior birra que há memória.
É lutar contra estas incertezas e manter a serenidade que estamos a ir na
direção certa. É viver com o coração fora do peito, oferecendo-o como escudo contra
tudo o possa ser menos bom, é sermos este ser emocional e emotivo que se comove
com as coisas mais banais e insignificantes. E é ter a certeza que não há amor
maior que este, que cresce todos os dias, um pouco mais, que não tem fim, nem
teve início e que me leva a olhar muito para além do meu próprio umbigo, num exercício
quotidiano que eu julgava não ser capaz.
quinta-feira, 28 de novembro de 2019
terça-feira, 19 de novembro de 2019
The curse
Talvez o dia ainda se cumpra.
(hoje voltei a apaixonar-me... e os pequenos nadas devolveram-me o conforto das coisas simples. Enquanto houver música, haverá chão)
(hoje voltei a apaixonar-me... e os pequenos nadas devolveram-me o conforto das coisas simples. Enquanto houver música, haverá chão)
quinta-feira, 7 de novembro de 2019
Pequenos prazeres que me definem
Fazer pequenos trabalhos manuais. Conjugar tecidos, materiais,
cores e formas. Dormir 8 horas. O cheiro das castanhas cozidas pela casa. O
abraço deles. O cheiro deles. O riso deles. Caminhar pelo meio de paisagens de
Outono. Escolher uma roupa bonita. Enroscar-me no sofá a ver um filme lamechas.
Espreguiçar-me. Caminhar ao pé do mar. Não ter horários. Tomar aquele café com
aquela pessoa. Desligar o telemóvel. Procrastinar. Sentir o sol no corpo. Caminhar
devagar. Silêncios. Ouvir a Radar. Ter tempo para mim. Escrever aqui.
(às vezes, quando o mundo começa a girar demasiado depressa e eu tenho dificuldade em acompanhar, penso em algumas destas coisas. Às vezes resulta. Outras vezes nem por isso e fico ainda mais para trás. Mas quando resulta... quando resulta eu volto sentir aquela serenidade, como se um abraço me envolvesse e uma voz me dissesse "vai tudo correr bem")
domingo, 3 de novembro de 2019
Desta viagem
Sempre que penso que é desta que as coisas começam a acalmar, eis que surge mais um turbilhão de sentimentos, de dúvidas, incertezas, angústias, caminhos longos e esburacados. Tenho percorrido uma boa parte dos problemas deste país na primeira pessoa, e agora na parentalidade também. Certezas não há nenhumas, apenas o meu instinto, que não tendo validade cientifica nenhuma, ainda assim me faz acreditar que no fim isto tudo vai dar certo. E é com este farol, esta esperança, que vamos iniciar mais um admirável mundo novo: o do espectro do autismo.
Pois bem... bring it on.
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