terça-feira, 29 de dezembro de 2009

TV On The Radio - Family Tree

Às vezes quando as palavras não chegam, vestem-se de música. Abrem as portas ao sentir. Abraçam momentos. Deixam espaço para que os outros sentidos se desnudem, despertem do torpor. E depois, lentamente voltam a nós, mais completas. Mais intensas. Mais nossas.
Simplesmente mais…

sábado, 26 de dezembro de 2009

Do silêncio #1

Quando um de nós ficava parado a contemplar o deserto, o outro não deveria dizer nada. Tudo o que se pudesse dizer, naquelas alturas, ali, em frente ao nada ou ao absoluto, seria tão inútil que só poderia vir de uma alma fútil. Tudo o que se diz de desnecessário é estúpido, é um sinal destes tempos estúpidos em que falamos mais do que entendemos. No deserto, não há muito a dizer: o olhar chega e impõe o silêncio.
MST

Foto daqui

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Natal, azevias e etc.

Já foi vivido com muita intensidade. Com imenso cuidado nos preparativos, desde a selecção criteriosa das ofertas, ao cuidado na escolha do papel de embrulho, passando pelo prazer de fazer e escrever os postal que mandava nos quais dava largas a uma pretensa veia artística a raiar a bricolagem. As missivas eram sentidas, emocionais, guiadas pelo prazer de imaginar um largo sorriso quando fossem lidas.
O dia 24 era passado a trabalhar arduamente, mas no regresso a casa ao final do dia, o aroma da doçaria calava de imediato as dores do corpo e transportava-me para um ambiente de infância, por entre a azáfama dos preparativos da ceia envolta numa algazarra saudável.
Ao longo dos anos e já na idade adulta fui percebendo que a visão algo infantil e pueril do Natal era apenas minha, cada vez mais tolerada pelos demais e menos participada pelos mesmos. Aquela que seria uma ocasião para se estar com a família, para nos desfrutarmos uns dos outros, sem pressas, tornou-se em algo que roça o banal e quase uma obrigação. Fala-se das desgraças, de quem morreu, das cruzes que doem, do dinheiro que se gasta nas prendas, na imposição do calendário que marca esta época como de família. Sim é verdade. Tudo isso é verdade. Mas gostaria também que se falasse do futuro, das coisas boas que se adivinham ou que anseiam, do prazer de estarmos todos juntos uma vez mais.
Gostaria de dizer que fui aceitando bem esta noção de Natal, que me sinto feliz assim e que consigo retirar sumo destes períodos, mas a verdade é sinto um vazio enorme. Era a altura em que a réstia de menina que sempre fui emergia sem reservas. Hoje talvez lhe chamem amadurecimento, maturidade ou outra coisa qualquer mas lá que sinto falta isso sinto… e muito…


Foto daqui

domingo, 20 de dezembro de 2009

Já não há pachorra...

…para tanto frio e chuva. Ou bem que vem acompanhado com neve ou bem que as temperaturas podem subir um pouco mais. Agora bater o dente desta maneira e nem sequer ver cair um floquinho que seja, não. Assim não brinco…

Foto daqui

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O espaço entre as coisas

Nas palavras que não digo decanto o sumo do ser. Espero-te vazio, espaço lácteo de sentido, preencho-te como sei, sem contudo querer ser apenas ou mais que isso. Não entendo, nem espero vir a fazê-lo. Tomas a forma dos dias, das cores, do tempo. Contenho-te mas não te defino.


sábado, 12 de dezembro de 2009

O que custa mais é o primeiro ano

Por uma razão ou por outra (cada um terá a sua) há momentos na vida em que se carrega no reset. Faz-se uma pausa. Um intervalo. Dá-se um tempo. E a seguir a esse momento o relógio do tempo simplesmente (re)começa a contar. Lentamente. Por vezes demasiado devagar. Os dias alongam-se. As noites também. Ao ponto de se recear as intermináveis conversas com a almofada. A vida apresenta-se como um espaço em branco. Um imenso espaço em branco no qual faltam as referências do passado, passado esse que ficou antes do reset. E é esse imenso espaço que se apresenta com pressa de ser preenchido. Mas os dias continuam a passar devagar. E as noites também. Muitas vezes a almofada é simplesmente arremessada para o lado para calar as vozes do antes. Porque neste espaço em branco o que urge são as novas vivências. O que se constrói entretanto. De raiz. Menos planeado. Mais sentido.
Dizem que o que custa mais é o primeiro ano. Dizem que sim. Eu digo-o também.


Foto de João Pedro

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

domingo, 6 de dezembro de 2009

Por vezes...

Por vezes ainda olho para trás, na esperança de te ver. Por vezes sinto-te tão perto, tão próximo, que ao fechar os olhos quase sinto a tua respiração, a tua presença. E nesses momentos deixo-me ficar quieta, muito quieta, tentando prolongar esse instante em que o coração quase esquece a ausência, o pensamento deixa de correr e eu apenas sinto na brisa que me toca o rosto o conforto de te ter tido um dia…


terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Beirut - Elephant Gun

“A menina dança?”

Pergunto-me quantas danças conseguirei acompanhar. Sentar-me-ei estafada ao fim das primeiras? Ou descobrirei em mim uma parte que desconheço ou que confortavelmente quero desconhecer? Irás puxar-me para dançar novamente ou esperarás simplesmente que desista? Que ceda ao cansaço que uma dança desconhecida obriga, quando os passos se revelam tropegamente ao sabor dos sons. Irei rodopiar nos teus braços ou deixar-me-ás cair quando mais precisar do teu equilíbrio?

"...All that is left is all that i hide"