quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Crónica de uma morte anunciada #3

O que me chateia, o que me consome não é final que se prevê. É este limbo de indecisão. Este cai-não cai. Esta agonia lenta. É que nem o pai morre nem a gente almoça.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Dias assim

Gosto de celebrar o que me dá prazer. Seja um abraço sentido ou um momento em que me deixei envolver. Uma imagem que retive ou um texto que li e com o qual me identifiquei. Gosto de celebrar as cores dos que são meus, dos que já foram e dos que ainda espero (re)encontrar. Dos que me surpreenderam mas também dos que me desiludiram e me marcaram. Gosto de me deixar levar pela imaginação, de deixar espaços por colorir e significados por compreender. De brincar com as palavras, sentidos e interpretações. De ler um texto e atribuir-lhe uma interpretação diferente a cada leitura. Da liberdade que este espaço me dá. Gosto de personagens que se reinventam, que se renovam, caricaturais ou reais. De não saber o que o dia me vai trazer, o que o futuro me reserva e retirar do presente todo o sumo que consigo. De não fazer planos e apreciar a viagem. Gosto de segundos olhares, de aromas desconhecidos e paisagens de Outono. Do azul dos Açores, da imensidão do mar e dos silêncios partilhados. São gostos. Meus. Alguns apenas. E é neles que muitas vezes penso quando é mais difícil levantar pela manhã.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Crónica de uma morte anunciada #2

Se os ratos fossem os primeiros a abandonar o navio, talvez o número de barcos a chegar a bom porto fosse maior.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Já chega

De frio, obrigada.
Já deu para tiritar um pouco, vestir as camisolas mais grossas, os casacos mais felpudos, encher a casa com o aroma a lenha e pinhas, tirar o gelo do vidro do carro, ganhar frieiras, e tudo o mais que acompanha o pacote. Agora, se faz favor, passemos a um Inverno normal: um pouco de chuva (de preferência só à noite, para não atrapalhar o trânsito e a logística matinal) e menos frio, sim?

Agradecida

(carta aberta ao S.Pedro)























Daqui

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Show me the place

Por vezes sou tocada pela beleza da simplicidade. Perco as palavras, a noção do tempo e começo a percorrer o espaço entre as coisas.
Hoje esta música tomou conta de mim. Parei o que estava a fazer e dei-lhe a minha total atenção enquanto tocava. À medida que sua voz me aconchegava a alma, um longo arrepio percorria o meu ser. Pousei a caneta. Fechei os olhos e deixei que este senhor me mostrasse o que é ser magistral, o que é aliar a melodia à beleza da palavra.
Hoje apaixonei-me outra vez.
Obrigada, Mr. Cohen, muito obrigada.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Esta coisa chamada pobreza

Enquanto a pobreza faz parte do teu quotidiano apenas por aquilo que vês nos órgãos de comunicação social, a coisa vai andando. Fala-se nela, mas não se sente. Não mais do que antes, pelo menos. A coisa torna-se mais complicada quando nos entra pela caixa de e-mail a dentro e reconhecemos o remetente. O mesmo remetente que até não há muito tempo atrás tinha uma vida igual à tua, mas que o desemprego e os salários em atraso rapidamente atiraram para esta coisa chamada pobreza. Não pede dinheiro, não pede palmadinhas nas costas, nem tão pouco pratica a pieguice, apenas e somente pede roupa para os filhos. Apenas isso. Na primeira pessoa. Sem rodeios ou auto-comiseração. Hoje, esta coisa chamada pobreza entrou pela minha vida a dentro.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Aquele não sei o quê

Há pessoas pelas quais, por mais que queira, não consigo sentir empatia. Os anos passam, as pessoas reinventam-se e esta falta de empatia resiste ao passar do tempo, tornando-se na areia fina que subtilmente incomoda a convivência.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Crónica de uma morte anunciada

Pior do que não saber para onde se vai é não saber para onde se quer ir.


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

(parêntesis)

Apetece-me sentir o pulsar da vida, o som dos outros ao longe. Olhar para o azul com que vestes a meu ser e deixar-me cair na preguiça de uma tarde de Verão.