quarta-feira, 5 de março de 2014

Disto de sair do país

Neste momento podia ter uma vida material melhor se tivesse aceitado uma proposta de trabalho no estrangeiro. Mas seria para mim impossível viver longe do meu filho. Levá-lo comigo e perder a ligação aos avós e ao pai seria igualmente incomportável. Levá-los ambos comigo não se traduziria em melhoria financeira uma vez que iria para uma das cidades mais caras do mundo, onde a educação com o mínimo de qualidade apenas é possível no sector privado e a preços exorbitantes.
Para mim a emigração não é solução.
Sei que não seria capaz de suportar a distância e a ausência. É por isso que, sempre que sei que mais alguém das minhas relações emigrou, fico triste e não consigo deixar de pensar que se trata de pessoas grandes, maiores, capazes de segurar amordaçado o coração e aguentar a saudade do lado de lá do skype. Eu não sou capaz. Talvez tenha de comer o pão que o diabo amassou, ou talvez não possa proporcionar uma pequena parte do que sonhei para o meu filho, mas sei que, enquanto puder vê-lo acordar de manhã feliz, isso é e será sempre a validação desta decisão. Triste país este que obriga a tantas partidas e a tanta ausência. 
Merecíamos melhor.
Todos nós.