sexta-feira, 31 de julho de 2015
Outro peditório
Esta tese, mesmo que não seja
concluída em tempo útil, foi decisiva para fechar um capítulo de vida. Depois
desta saga dou por encerrada a minha vida académica, pelo menos no que a
títulos diz respeito. Há um (dois?) ano(s) atrás, embalada por uma média
elevada na parte curricular, ainda ponderei apostar num doutoramento. Agora só
me dá vontade de rir quando penso nisso. Sou uma tonta. Se há coisa que a vida
me tem ensinado é que há alturas em que é preciso deixar de bater com a cabeça
na parede e aceitar que se calhar o caminho não é por aí. E o meu caminho não é
por aqui. Falta-me a paixão, o entusiasmo para tentar fazer mais e melhor. Mas
espera lá, Anna! Ainda há meia dúzia de post atrás dizias que não te
arrependias de ter escolhido este caminho e agora estás com esta conversa? Vamos
por partes. Adorei contactar com um conjunto de pessoas que tiveram a paciência
e simpatia para me aturar, que perderam o seu tempo a conversar comigo. Isso,
para quem não é propriamente uma tagarela, foi maravilhoso e serviu para me
atirar para bem longe da minha zona de conforto. E senti-me algo especial por poder
testemunhar pedaços de histórias de vida que me sensibilizaram. Pelo valor que dou
a esses momentos, sim, não me arrependo de ter optado por fazer esta dissertação.
Mas todo o processo de verter para o papel, com detalhe e rigor, toda a
informação que entretanto se entranhou, solidificou, está a ser um parto muito
difícil. Facilmente perco a meada entre o que é meu e o que li de outros, as
fronteiras esbatem-se, misturam-se. Para mim isto é que é aprender. E eu gosto
de aprender, de alargar horizontes, pensar em coisas que são novas para mim e
desenvolver algum sentido crítico, mas depois há A tese. Com todo o formalismo,
formatação, citações, fontes e … e eu já não tenho paciência para ir ver onde é
que termina o que bebi de outros e onde começa o que é meu. E é aqui que eu
constato que definitivamente não me vejo a fazer isto novamente ou em moldes quotidianos.
Falta-me a arte, o engenho e sobretudo a paciência. Vamos ver se esta
dissertação chega a bom porto. Mas mesmo que chegue, o próximo rumo será
definitivamente diferente.
sexta-feira, 24 de julho de 2015
Constatações #4
O meu poder de síntese é inversamente
proporcional ao meu cansaço.
(Já o stress costuma contribuir para
aumentar o meu poder de síntese. Talvez não fosse mal pensado ir dormir e
acordar lá para Setembro.)
O nirvana educacional
Normalmente durante as conversas em que o tema é
enumerar os talentos dos filhos, fico calada. O meu filho tem 4 anos e ainda é
trapalhão a falar. Não fala inglês, embora por vezes ainda se expresse em
dialectos fantástico-incompreensíveis. Quando é para correr, fica sentado.
Quando é para sentar, desata a correr. Só conhece os números até ao 10, sendo
que não há vida para além do 20. Anda na natação e o que faz de melhor é
chapinhar na água, embora seja muito bom a molhar toda a gente. Não sabe ler, não
conhece as letras, nem escrever o seu nome. Também não faz desenhos lindos, nem pinta
dentro do contorno. Tanto mundo lá fora à espreita e o raio do miúdo ainda
não descobriu algo que me faça brilhar como mãe nessas conversas de recreio
parentais, sendo que, obviamente, serei tanto melhor mãe, quantos mais talentoso o meu filho for. Contudo, tudo mudou desde ontem. Agora sim. Posso entrar de
peito feito nas conversas sobre “o meu filho é híper-super-mega-especial. Sou
mesmo uma mãe cheia de sorte por ter um filho tão precoce”. Descobri que o meu
filho consegue matar moscas com um martelo pequenino. Tanto adulto que não
consegue com um mata-moscas normal e ele, com apenas 4 anos, mata as moscas à primeira tentativa com
um martelito com um diâmetro de uma moeda de 1 euro. É o céu. O nirvana. Agora
já posso deixar as janelas abertas.
quinta-feira, 23 de julho de 2015
Acho que também vou iniciar uma rúbrica nova
Casa alugada a um casal pré-sénior. Num mês já falei mais vezes com eles do que com os meus próprios pais. E já fui mais vezes lá a casa do que no conjunto total de anos que tenho a casa alugada. Primeiro era o esquentador que estava avariado e que não funcionava. Mas já experimentou trocar as pilhas? Quais pilhas? As pilhas que accionam a chama. Ah, não vejo. Onde está? Ao lado da chama. Como é que se abre? É só puxar pela lingueta. Ah! Vou experimentar.( Era falta de pilhas)
Depois foi a máquina de lavar roupa. Ò Anna, a máquina de
lavar roupa está avariada. Não faz descarga da água. É melhor chamar cá alguém.
Mas aconteceu alguma coisa durante o programa? Não… quer dizer, eu mudei o
programa a meio, apenas. Humm… olhe, faça um programa normal outra vez e se
continuar a acontecer, diga. (A máquina tem menos de um ano e funciona na
perfeição)
E a de hoje: Anna, estamos sem luz em casa. Todos os
vizinhos têm luz, menos nós. Já foi ver o quadro? Se calhar tinham muita coisa
ligada e o quadro disparou. Já fomos ver. Os disjuntores estão todos para cima.
E o quadro? Não tem nenhum botão saído? Qual botão? O que está do lado esquerdo
do quadro. Se estiver saído, carregue para dentro. Ah, vou ver e já lhe ligo.
Meia hora (meia hora!!) depois mandou uma sms a dizer já tinha conseguido pôr o
botão bem e que já tinham luz.
Começo a pensar em vez de ter resolvido um problema com o
aluguer da casa, arranjei vários e muita sarna para me coçar.
terça-feira, 21 de julho de 2015
segunda-feira, 20 de julho de 2015
Não tem preço
Ouvir uma “jovem” de 81 anos a falar das suas memórias e
contar-me histórias sobre os teares de família os quais ainda hoje utiliza para fazer
peças de tecelagem e que já vinham dos seus bisavós.
Encontrar pessoas que já tinha inquirido há mais de um ano e perceber que não só continuo nas suas memórias mas também sou alvo da sua simpatia e amizade.
Perceber que isto do património imaterial é algo que toca muito mais fundo às pessoas que ainda detêm estes saberes e que extravasa em muito tudo aquilo que fica documentado. E com isto perceber que tudo o que possa vir a concluir nesta malfada tese, ficará sempre muito aquém porque é-me impossível verter para o papel todos os sentimentos e memórias que emolduram a herança viva que estas pessoas transportam.
Sentir-me pequenina face à riqueza cultural que estes artesãos possuem, em particular dos mais idosos, e à sua dedicação em manter vivas tradições ancestrais, muitos deles em condições financeiras e de saúde extremamente difíceis.
Não sei se vou conseguir acabar a tese a tempo, mas mesmo que não o consiga, de uma coisa tenho eu a certeza: não me arrependo de ter escolhido este caminho. A riqueza destas gentes é incalculável e eu adorei poder conhecê-las um pouco mais e de viva voz. Tudo o que escreva sobre isto será sempre pouco, insipiente e incompleto. E eu, bicho-do-mato e normalmente pouco à vontade nestas coisas de interpelar os outros, transfigurei-me por completo com estas gentes, tal foi a empatia que senti. Não tem preço. Nem palavras.
Encontrar pessoas que já tinha inquirido há mais de um ano e perceber que não só continuo nas suas memórias mas também sou alvo da sua simpatia e amizade.
Perceber que isto do património imaterial é algo que toca muito mais fundo às pessoas que ainda detêm estes saberes e que extravasa em muito tudo aquilo que fica documentado. E com isto perceber que tudo o que possa vir a concluir nesta malfada tese, ficará sempre muito aquém porque é-me impossível verter para o papel todos os sentimentos e memórias que emolduram a herança viva que estas pessoas transportam.
Sentir-me pequenina face à riqueza cultural que estes artesãos possuem, em particular dos mais idosos, e à sua dedicação em manter vivas tradições ancestrais, muitos deles em condições financeiras e de saúde extremamente difíceis.
Não sei se vou conseguir acabar a tese a tempo, mas mesmo que não o consiga, de uma coisa tenho eu a certeza: não me arrependo de ter escolhido este caminho. A riqueza destas gentes é incalculável e eu adorei poder conhecê-las um pouco mais e de viva voz. Tudo o que escreva sobre isto será sempre pouco, insipiente e incompleto. E eu, bicho-do-mato e normalmente pouco à vontade nestas coisas de interpelar os outros, transfigurei-me por completo com estas gentes, tal foi a empatia que senti. Não tem preço. Nem palavras.
quinta-feira, 16 de julho de 2015
À consideração do São Pedro
Agradeço
a manutenção do risco de incêndio em níveis baixos, por conta da neblina matinal e de fim de tarde. Tenha lá atenção com a Nortada que, parecendo que
não, não só incomoda como dificulta em caso de incêndio. Dizem os entendidos
que a coisa normalmente tende a melhorar em Agosto, mas eu gosto é do Verão em
modo contínuo, e o turismo também agradece, até porque o infantário encerra e
gostaria de levar o puto à praia sem correr o risco de o trazer para casa em
formato cubo de gelo. Já sei que poderia ter pensado nisso antes de escolher
viver aqui, mas eu gosto de sítios com personalidade torta e já que é para
pedir, então que seja em grande. Portanto, mande lá vir um Verão em condições
que a malta quer é calor e sol.
terça-feira, 14 de julho de 2015
Cúmulo do optimismo
Achar que vou conseguir terminar a tese a tempo, quando faltam
apenas 2 meses e meio para o fim do prazo, ainda só tenho cerca de 30% feito e o meu orientador já nem me responde aos emails.
Última hora
As rondas de conversações entre Anna Blue e a Balança
terminaram com uma troca desagradável de acusações, tendo culminado um corte
bilateral de relações. Em declarações ao espelho, Anna Blue afirmou terem sido
ultrapassados todos os limites que possibilitariam o regresso à mesa de
negociações. A Balança por sua vez declarou não ser mais possível esconder o
excesso de peso, apesar das inúmeras tentativas de pressão por parte de Anna
Blue para alterar de forma ilegal os valores apresentados. Após a reunião, que
demorou 5 minutos, Anna Blue decidiu adoptar um novo pacote de medidas de
austeridade alimentar, com efeitos imediatos e desenvolver uma agenda
desportiva diária. A nova ronda de conversações ficou agendada para o início da
próxima semana, a fim de avaliar os progressos alcançados.
segunda-feira, 13 de julho de 2015
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