sexta-feira, 28 de maio de 2010

Explicação da Eternidade

devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.

os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.

por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.

os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.

foste eterna até ao fim.
José Luís Peixoto


 

2 comentários:

  1. Nunca li nada do Luis Peixoto. É (quase) imperdoável. Dos excertos dele que já li, gostei sempre. A ver se me oferecem pelos anos, ou pelo Natal.. ou assim.


    p.szito. Minha cara, depois daquele comentário, tinha mesmo de vir aqui.:p
    Não conhecia este espaço.

    beijo**

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  2. Eu normalmente pertenço ao grupo dos invisivelmente presentes. Depois há aqueles dias em que dou um ar da minha graça...

    Volta sempre

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