quarta-feira, 4 de abril de 2012

A minha vida dava uma "soap opera"

Todos temos momentos que parecem tirados de um qualquer filme de segunda categoria, com um enredo simples e um final antecipado pelo próprio título do filme, mas que pelo meio é recheado de voltas e reviravoltas, a lembrar uma qualquer soap opera americana dos anos 80. Sabemos exactamente para onde a história nos conduz, mas ainda assim não conseguimos evitar sentir uma certa empatia pelos personagens e pela narrativa. Sofremos por eles, emocionamo-nos com eles, fazemos temporariamente parte daquela história, mesmo que conscientemente saibamos que não é suposto sentir um grau de identificação tão grande por um filme menor.
A minha vida laboral tem sido assim nas últimas semanas. Muitas peripécias que eu pensava não viver na primeira pessoa, por ser um enredo próprio de uma realidade distante. O argumento, embora ainda em adaptação, sugere um história simples, igual a milhares de outras que grassam por este pais empobrecido, mas com contornos e reviravoltas desgastantes e constantes. Eu, que sempre pensei saber guardar uma distância emocional segura entre trabalho e vida pessoal, vejo estas duas vertentes imiscuírem-se dia após dia. Tudo isto desgasta. Mói cá dentro. E a distância de segurança desaparece. Já não são os carros da empresa que são selados, ou as mesas penhoradas, é um pouco de ti que é carregado sem cuidado para um qualquer camião à chuva. É a informação e desinformação que circula ao longo dos dias. Palavras como comissão de trabalhadores, fundo de garantia salarial, incumprimentos, insolvência passam a fazer parte do teu léxico e das tuas preocupações. O tempo passa e nada se decide. O futuro será com certeza bem diferente da realidade que conheço mas enquanto o final esperado não acontece, terei de aprender a conviver com as reviravoltas de um enredo que me diz mais do que gostaria, sem términus à vista e para o qual já se sabe antecipadamente o desfecho.

4 comentários:

  1. É preciso uma dose cavalar de força interior, uma capacidade infinita de encaixe para as reviravoltas da vida. Num mundo cada vez mais complexo e difícil de se habitar, vamos sendo trucidados aos poucos pelo sistema social em que vivemos. Não mata, mas mói. Muito mesmo.

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  2. Já só quero ver o fim a isto, encerrar este capitulo e partir para outra...

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  3. Obrigada, Alexandra. Vamos ver o que o futuro reserva. Talvez velhos projectos vejam finalmente a luz do dia.

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