quinta-feira, 3 de maio de 2012

Morning Picture

Chove copiosamente. Páro o carro e corro o fecho do kispo. Limpo a janela embaciada e espreito. Lá fora tenho o meu sogro já de chapéu-de-chuva aberto em punho. Suspiro aliviada. Afinal já não tenho de tirar o puto à chuva, pensei. Saio apressada para abrir a porta e a meio da tarefa herculiana que é a de tirar um matulão de 12 kg adormecido, desprende-lo dos cintos e aconchega-lo a mim com uma manta, eis que reparo numa incómoda frialdade que se vai instalando em mim, começando nas costas e acabando nos sapatos. O cabelo começa a escorrer água e qualquer semelhança entre mim e um pinto ensopado já não é coincidência. Nesse momento percebi que o meu sogro e eu tínhamos ideias completamente contrárias quanto à utilização daquele chapéu-de-chuva. Eu pensava que seria para nos abrigar a todos. Ele nem por isso. Aliás eu nem sei o que estaria ele a pensar. Ou se pensou de todo. Ou se pensou que eu iria pensar por ele. E pensando agora melhor, mais vale não pensar mais nada. A bem da harmonia familiar. Penso eu…

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