Eu não sei o que
vai na cabeça dos políticos. Como é que alguém, da esquerda à direita, pode
sequer pensar em chegar a primeiro-ministro e não fazer o simples exercício de
rever e rectificar todas as situações que sejam “imperfeitas” em termos
fiscais? Como é que neste contexto específico de crise, em que tanta, mas tanta
gente faz o impossível para atingir a perfeição fiscal (e nem sequer me vou
alongar sobre a carga estupidamente pesada de impostos que todos nós pagamos,
nem no dever enquanto cidadãos contribuintes de honrar as nossas obrigações) e
aquele que deve estar acima de qualquer suspeita, não nos honra com o
cumprimento cabal das suas obrigações contributivas? Como é que é possível
ser-se tão imperfeito intelectualmente para não considerar que, a partir do
momento que se é eleito para um cargo de topo no governo de uma nação, toda a
sua vida fiscal e profissional será alvo de análise? Eu estou para lá de
estupefacta. Que estamos entregues a uma corja de sanguessugas de privilégios
próprios já se sabe há muito, mas a falta de visão de uma coisa tão simples e
tão óbvia, causa-me vergonha alheia. Estamos, portanto, entregues a pessoas que
consideram que o cargo de primeiro-ministro se coaduna com a existência de “imperfeições”
que ao comum cidadão não são admitidas. E é esta displicência que me causa
engulhos. Se nem para conseguirem chegar ao topo os políticos se esforçam para alcançar
a perfeição, como é que querem que um país acredite que iremos ser conduzidos
por gente séria (e também aqui não me vou alongar sobre a honestidade e idoneidade)
e capaz de ir até ao limite do possível, se não o são em causa própria?
Há uma frase que
ainda hoje é recuperada em jeito de private joke: “era pô-los todos num
saco, amarradinhos e bem fechadinho e mandá-los para (inserir conflito
armado sangrento do momento)”.
Puta que os pariu.
Sem comentários:
Enviar um comentário