quarta-feira, 4 de março de 2015

Os passos da imperfeição

Eu não sei o que vai na cabeça dos políticos. Como é que alguém, da esquerda à direita, pode sequer pensar em chegar a primeiro-ministro e não fazer o simples exercício de rever e rectificar todas as situações que sejam “imperfeitas” em termos fiscais? Como é que neste contexto específico de crise, em que tanta, mas tanta gente faz o impossível para atingir a perfeição fiscal (e nem sequer me vou alongar sobre a carga estupidamente pesada de impostos que todos nós pagamos, nem no dever enquanto cidadãos contribuintes de honrar as nossas obrigações) e aquele que deve estar acima de qualquer suspeita, não nos honra com o cumprimento cabal das suas obrigações contributivas? Como é que é possível ser-se tão imperfeito intelectualmente para não considerar que, a partir do momento que se é eleito para um cargo de topo no governo de uma nação, toda a sua vida fiscal e profissional será alvo de análise? Eu estou para lá de estupefacta. Que estamos entregues a uma corja de sanguessugas de privilégios próprios já se sabe há muito, mas a falta de visão de uma coisa tão simples e tão óbvia, causa-me vergonha alheia. Estamos, portanto, entregues a pessoas que consideram que o cargo de primeiro-ministro se coaduna com a existência de “imperfeições” que ao comum cidadão não são admitidas. E é esta displicência que me causa engulhos. Se nem para conseguirem chegar ao topo os políticos se esforçam para alcançar a perfeição, como é que querem que um país acredite que iremos ser conduzidos por gente séria (e também aqui não me vou alongar sobre a honestidade e idoneidade) e capaz de ir até ao limite do possível, se não o são em causa própria?

Há uma frase que ainda hoje é recuperada em jeito de private joke: “era pô-los todos num saco, amarradinhos e bem fechadinho e mandá-los para (inserir conflito armado sangrento do momento)”.

Puta que os pariu.

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