Contudo, outras decisões há que se tomam porque o rumo da vida assim o exige. Não são desejadas, não resultam de planos, sonhos ou ambições. São muitas vezes uma forma de resolver danos maiores, abreviar o tempo de duração dos “ses” que se atravessam no caminho. E o problema dos “ses” é que nunca têm um prazo de validade para se converterem em alguma coisa. Há alturas que sinto confiança e acredito em saltos de fé, e permito-me andar ao sabor da corrente, na esperança que as coisas se resolvam por si. Mas esta coisa de se acreditar na sorte normalmente não me corre bem e fui aprendendo a colocar a tónica cada vez mais na racionalidade e menos no lado emocional das decisões. Continuo a caminhar ao longo da linha do comboio, mas agora já não pago para ver se a luz ao fundo do túnel é mesmo uma saída, ou se é apenas (mais) um CP Carga em rota de colisão.
Amanhã vou assinar o contrato de promessa de compra e venda
desta casa. E se por um lado sei que me vou livrar de uma série de dores de
cabeça e recuperar grande parte do controlo da minha vida, por outro não deixo
de sentir que de alguma forma é uma volta atrás naquilo que ambicionei e
projectei durante algum tempo. Deixa um amargo de boca por muito que eu
racionalmente saiba que esta é a melhor solução, uma solução que me permite
readquirir novamente a capacidade de voltar a projectar outro tipo de sonhos. Racionalmente
sei que estou a fazer um bom negócio, emocionalmente tenho dúvidas. Há uns anos
atrás eu fazia o tal salto de fé. Hoje já não.
Curiosamente, nestes últimos
dias tenho tido o pátio cheio de pirilampos, coisa que em 5 anos que aqui estou
nunca tinha acontecido.
Podemos imaginar, mas nunca sabemos o desfecho. No fundo, cada decisão, tomada de forma mais instintiva ou vacilante, é um salto de fé. E valem o que valem. Estava aqui a pensar numa coisa tão simples como a escolha do meu curso. Hoje em dia, teria facilmente escolhido uma área completamente diferente e no entanto, na altura, não foi uma decisão penosa, foi bastante natural.
ResponderEliminarA escolha do meu curso foi completamente emocional e foi das coisas que mais prazer me deram em fazer e concluir, apesar de profissionalmente ter sido um tiro ao lado. Às vezes penso que talvez tivesse sido melhor se tivesse escolhido outra coisa, mas depois lembro-me do quanto gosto da minha área e acho que se voltasse atrás ia acabar por fazer a mesma opção, porque foi de facto bastante gratificante fazê-lo. Talvez não devesse era ter esperado por acabá-lo para começar à procura de emprego, porque em 4 anos o mercado de trabalho mudou completamente.
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