Nas palavras que não digo decanto o sumo do ser. Espero-te vazio, espaço lácteo de sentido, preencho-te como sei, sem contudo querer ser apenas ou mais que isso. Não entendo, nem espero vir a fazê-lo. Tomas a forma dos dias, das cores, do tempo. Contenho-te mas não te defino.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
sábado, 12 de dezembro de 2009
O que custa mais é o primeiro ano
Por uma razão ou por outra (cada um terá a sua) há momentos na vida em que se carrega no reset. Faz-se uma pausa. Um intervalo. Dá-se um tempo. E a seguir a esse momento o relógio do tempo simplesmente (re)começa a contar. Lentamente. Por vezes demasiado devagar. Os dias alongam-se. As noites também. Ao ponto de se recear as intermináveis conversas com a almofada. A vida apresenta-se como um espaço em branco. Um imenso espaço em branco no qual faltam as referências do passado, passado esse que ficou antes do reset. E é esse imenso espaço que se apresenta com pressa de ser preenchido. Mas os dias continuam a passar devagar. E as noites também. Muitas vezes a almofada é simplesmente arremessada para o lado para calar as vozes do antes. Porque neste espaço em branco o que urge são as novas vivências. O que se constrói entretanto. De raiz. Menos planeado. Mais sentido.
Dizem que o que custa mais é o primeiro ano. Dizem que sim. Eu digo-o também.
Dizem que o que custa mais é o primeiro ano. Dizem que sim. Eu digo-o também.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
domingo, 6 de dezembro de 2009
Por vezes...
Por vezes ainda olho para trás, na esperança de te ver. Por vezes sinto-te tão perto, tão próximo, que ao fechar os olhos quase sinto a tua respiração, a tua presença. E nesses momentos deixo-me ficar quieta, muito quieta, tentando prolongar esse instante em que o coração quase esquece a ausência, o pensamento deixa de correr e eu apenas sinto na brisa que me toca o rosto o conforto de te ter tido um dia…
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Beirut - Elephant Gun
“A menina dança?”
Pergunto-me quantas danças conseguirei acompanhar. Sentar-me-ei estafada ao fim das primeiras? Ou descobrirei em mim uma parte que desconheço ou que confortavelmente quero desconhecer? Irás puxar-me para dançar novamente ou esperarás simplesmente que desista? Que ceda ao cansaço que uma dança desconhecida obriga, quando os passos se revelam tropegamente ao sabor dos sons. Irei rodopiar nos teus braços ou deixar-me-ás cair quando mais precisar do teu equilíbrio?
"...All that is left is all that i hide"
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Quietude
A noite está calma. Ao longe extinguem-se as réstias de uma trovoada que a noite teceu. Notícias de casa dizem-me que o Outono chegou em força. Contudo à minha frente tenho as luzes que placidamente cintilam sobre as águas tranquilas da ria. Ao longe um farol pisca monocordicamente num compasso lento. O cheiro a maresia envolve-me, penetrando em tudo ao meu redor. A pouco e pouco deixo de sentir os aromas que trago comigo e deixo-me enlear por esta noite quase mágica. Poucos são os sons que escuto para além dos que eu própria produzo. Estico-me sobre a balaustrada e inspiro bem fundo numa tentativa de guardar esta calma que me circunda. Expiro lentamente. Sei que voltarei aqui. A esta noite. Em muitas outras noites.
Foto de F. Monteiro
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Gostos #1
Gosto de desenhos incompletos. Gosto de preencher os interstícios do tempo com as cores pelas quais vejo o mundo e o azul é apenas uma delas. Gosto da mistura dos traços decalcados com toda a força do lápis, aqueles que nem mesmo a borracha apaga, com traços finos, subtis, desenhados aparentemente ao acaso mas ainda assim colocados com um propósito, um significado, um sentido, como se não quisessem fazer parte do mesmo e que no entanto fazem falta quando apagados. Gosto desta imutabilidade volátil, fixa apenas no próprio instante e são tantos os instantes que compõem um olhar. Da percepção que não é óbvia, mas que se constrói, que se inventa, que abre as portas da imaginação e me permite colocar algo de meu, naquele instante, naquele preciso instante, impregnada com todos os sentidos que em mim habitam e que será diferente noutro qualquer espaço de tempo. São sempre reencontros saboreados que nunca se encerram.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
É preciso aprender a amar
Que se passa para nós no domínio musical? Devemos em primeiro lugar aprender a ouvir um motivo, uma ária, de uma maneira geral, a percebê-lo, a distingui-lo, a limitá-lo e isolá-lo na sua vida própria; devemos em seguida fazer um esforço de boa vontade — para o suportar, mau-grado a sua novidade — para admitir o seu aspecto, a sua expressão fisionómica — e de caridade — para tolerar a sua estranheza; chega enfim o momento em que já estamos afeitos, em que o esperamos, em que pressentimos que nos faltaria se não viesse; a partir de então continua sem cessar a exercer sobre nós a sua pressão e o seu encanto e, entretanto, tornamo-nos os seus humildes adoradores, os seus fiéis encantados que não pedem mais nada ao mundo, senão ele, ainda ele, sempre ele.Não sucede assim só com a música: foi da mesma maneira que aprendemos a amar tudo o que amamos. A nossa boa vontade, a nossa paciência, a nossa equanimidade, a nossa suavidade com as coisas que nos são novas acabam sempre por ser pagas, porque as coisas, pouco a pouco, se despojam para nós do seu véu e apresentam-se a nossos olhos como indizíveis belezas: é o agradecimento da nossa hospitalidade. Quem se ama a si próprio aprende a fazê-lo seguindo um caminho idêntico: existe apenas esse. O amor também deve ser aprendido.

Nietzsche em A Gaia Ciência

terça-feira, 3 de novembro de 2009
Acaso
Cada um que passa em nossa vida,
Passa sozinho...
Porque cada pessoa é única para nós,
E nenhuma substitui a outra...
Cada um que passa em nossa vida,
Passa sozinho,
Mas não vai só...
Cada um que passa em nossa vida,
Leva um pouco de nós mesmos,
E nos deixa um pouco de si mesmo...
Há os que levam muito,
Mas não há os que não levam nada...
Há os que deixam muito,
Mas não há os que não deixam nada...
Esta é a mais bela realidade da vida.
A prova tremenda da importância de cada um,
É que ninguém se aproxima do outro por acaso...
Antoine de Saint-Exupéry
Passa sozinho...
Porque cada pessoa é única para nós,
E nenhuma substitui a outra...
Cada um que passa em nossa vida,
Passa sozinho,
Mas não vai só...
Cada um que passa em nossa vida,
Leva um pouco de nós mesmos,
E nos deixa um pouco de si mesmo...
Há os que levam muito,
Mas não há os que não levam nada...
Há os que deixam muito,
Mas não há os que não deixam nada...
Esta é a mais bela realidade da vida.
A prova tremenda da importância de cada um,
É que ninguém se aproxima do outro por acaso...
Antoine de Saint-Exupéry
domingo, 1 de novembro de 2009
António Sérgio (1950-2009)
Travei conhecimento contigo tardiamente. Estreitei laços contigo ainda mais tarde. Foste a minha companhia em muitas noites solitárias de trabalho. Noites em que, estando a milhares de quilómetros de distância de casa, a tua voz me transmitia o conforto de quem está por perto. Sabes, a solidão é menos amarga quando se ouve uma voz familiar que em segredo nos empresta um conforto partilhado por muitos.
Aproxima-se uma nova jornada longe da casa e sem ti as noites vão ser sem dúvida muito menos coloridas.
Até sempre...
Aproxima-se uma nova jornada longe da casa e sem ti as noites vão ser sem dúvida muito menos coloridas.
Até sempre...

Retirada daqui
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